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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

AS OBRAS-PRIMAS DE T.S.SPIVET de Reif Larsen


Uma boa surpresa trazida pelo jovem escritor Reif Larsen Porquê surpresa?
A par da coluna de texto, apresentam-se, em quase todas as páginas, anotações, desenhos e mapas que ilustram e iluminam o discurso do narrador, um rapaz de 12 anos, amante de cartografia, com uma capacidade invulgar em transformar todos os pensamentos e enigmas em rigorosas representações. Se esta mistura já é vulgar em diários de viagem, esta obra (prima) ultrapassa esse tipo de relato, apesar de inscrever também uma viagem no seu enredo. T.S. Spivet, um talentoso jovem de uma família rural, faz, efectivamente, ao longo da obra, uma viagem entre Divide em Montana para Washington, onde irá receber um prestigiado prémio de ilustração científica. Os constrangimentos são muitos: a família, os transportes, o dinheiro e, acima de tudo, gerir a mentira de ser uma criança a ir receber um prémio, supostamente atribuído a um adulto. A gestão de todas estas dificuldades faz desta aventura uma viagem iniciática em que o jovem protagonista sai fortalecido e estruturado, seguindo, em todas as situações, uma linha de raciocínio analítico e lógico, conforme vai sendo evidenciado nas representações das margens das páginas. Spivet converte em traço todas as suas curiosidades e debates, num exercício notável do escritor em materializar, visualmente, os meandros de uma inteligência analítica.
O enredo da obra e o perfil invulgar do protagonista, bem longe dos arquétipos dos comportamentos juvenis actuais, podem constituir um desafio estimulante de leitura a jovens leitores, em particular aqueles que gostam de livros de aventuras e têm curiosidade científica.
Para os leitores de todas as idades, fica a sensação que esta ficção rasga caminhos no compromisso entre o texto e o traço. Caminhos de futuro.
BECRE - Natália Caseiro

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