Em traços largos, A elegância do ouriço é um relato alternado de 2 vozes de duas residentes de um chique prédio parisiense: uma porteira, baixota e rezingona, e uma jovem adolescente sobredotada e com ideias suicidas.
Pode parecer uma proposta pouco interessante de leitura, mas se acrescentarmos que Michel, a porteira, é uma autodidacta com vastos interesses culturais que esconde dos outros a sua identidade e que Paloma é uma jovem filósofa à procura do sentido da vida e que Kakkuro Ozu é a tábua de salvação de ambas, quando… chega de informação.
Já agora uma citação do romance, explicativa do seu título:
“A sra. Michel tem a elegância do ouriço: por fora, é crivada de espinhos, uma verdadeira fortaleza, mas tenho a intuição de que dentro é tão simplesmente requintada quanto os ouriços, que são uns bichinhos indolentes, ferozmente solitários e terrivelmente elegantes”.
A tirar os espinhos e descobrir. Como os ouriços.
BECRE - Natália Caseiro
1 comentário:
De facto, «A Elegância do Ouriço» deixou-me extasiada: pela "elegância" da escrita a duas vozes (Renée e Paloma)bem destacadas graficamente uma da outra; pela "falsa" rudeza de Renée e pela sua subtil "elegância"; pela aparente simplicidade dos pensamentos de Paloma; pela clareza da crítica a uma sociedade hipócrita e materialista... e pela intervenção... digamos... "cirúrgica" do cineasta Kakuro Ozu, que consegue descobrir o que esconde cada uma das personagens femininas referidas.
Livro que nos suscita reflexões, sorrisos e umas quantas lágrimas. Porquê? Procurem a resposta... esta está "prontinha" a ser descoberta...
Professora Maria José
Enviar um comentário